Câncer de ovário

De difícil detecção, o câncer de ovário é o segundo câncer pélvico nos países desenvolvidos, ao mesmo tempo que é o mais letal de todos. No Brasil, no entanto, é o terceiro colocado entre os tipos de câncer pélvico, atrás do de colo uterino e endométrio. 

“Não há rastreamento efetivo para o câncer de ovário. O marcador tumoral CA-125 e a ultrassonografia pélvica transvaginal pouco contribuem para diagnosticar essa doença em estádios iniciais. E como esses exames podem gerar um falso positivo e levar a paciente a cirurgias desnecessárias, é importante identificar os fatores de risco para o câncer de ovário, bem como estratégias profiláticas para diminuir sua incidência!”, diz Dr. José Carlos Sadalla, ginecologista, mastologista e oncologista. 

No Brasil, para 2020 estimam-se 6650 novos casos. Já em relação à mortalidade, o último dado foi de 2017, com 3879 óbitos pela doença. “A maioria dos cânceres de ovário, quando diagnosticado, encontra-se em estádio avançado, com pior diagnóstico. Isso porque há poucos sintomas no início, sintomas esses que são vagos e não levam a suspeita desse câncer”, continua o médico.

Sintomas

Há alguns sintomas que são específicos do câncer de ovário. Um deles é o volume abdominal decorrente de ascite – líquido em excesso no abdômen – e de massas tumorais. Porém, quando há presença destes sintomas, o câncer de ovário não está mais no início.

“É uma doença silenciosa. Há sinais comuns a várias doenças que podem ser confundidos com outras comorbidades e, exatamente, por isso, geralmente, se descobre tardiamente”, informa.

        Entre eles, estão a dor abdominal, lombar ou na região pélvica, aumento de volume abdominal, aumento de frequência e urgência urinária, prisão de ventre, náusea, azia e sangramento genital.

“É importante identificar os fatores de risco, mutações genéticas – principalmente as síndromes de câncer de mama e de ovário hereditárias – que aumentam o risco de câncer de ovário”, diz o médico.

As principais mutações nesta síndrome ocorrem nos genes BRCA1 e BRCA2. Mas deve-se prestar a atenção em pacientes que nunca tiveram um bebê, que não conseguiram engravidar, nas que fizeram tratamento de reprodução assistida ou que tiveram endometriose.

“No primeiro caso, o ideal é pesquisar a mutação em todas as pacientes que possuem histórico de câncer de ovário na família. E prestar atenção em procedimentos cirúrgicos como a retirada das trompas – salpingectomia – e laqueadura  tubária, que diminuem o risco do câncer de ovário”, explica Dr. Sadalla. Segundo ele, as teorias mais aceitas atualmente estão no fato das lesões precursoras de câncer ovário também se encontrarem nas trompas, principalmente na porção terminal delas, denominadas fímbrias. 

Prevenção e tratamento

Evitar tabagismo, obesidade, estilo de vida saudável e prática de atividade física são receitas que auxiliam muito a evitar o câncer de ovário. “Uso de anticoncepcionais por mais de cinco anos e gravidez anterior, ajudam a prevenir esse tipo de câncer.  E o tratamento em caso da doença será feito dependendo de fatores como idade, saúde geral e estágio do câncer”, explica o médico.

O tratamento inicia-se com cirurgia ou quimioterapia à depender do volume de doença e condições clínicas da paciente. “Como em todo o tratamento de câncer, a paciente e seus familiares vão conhecer o passo a passo de cada procedimento e todas as perguntas que ela tiver não ficarão sem respostas. Esse tipo de câncer, especialmente, é geralmente diagnosticado depois da menopausa e a confiança entre o cirurgião e a equipe multidisciplinar composta principalmente por oncologista clínico precisa ser total”, finaliza Dr. Sadalla.