A garota cresceu, começou a sair com as amigas e o pai deixou de ser o centro das atenções da vida da jovem. Assim como a mãe que é amiga. Porém, sair com as amigas é mais significativo. E aí aparece o “candidato a genro” que a filha arrumou.
“Os pais precisam estar atentos nessa hora para conversar francamente com aas filhas. É necessário falar sobre sexualidade, métodos contraceptivos, doenças sexualmente transmissíveis e, claro, vacina contra o HPV. Fechar os olhos para a realidade pode se tornar um problema para todos”, diz Dra. Mariana Andrade Sadalla, ginecologista especializada em infância e adolescência.
O importante está em conversar francamente sempre que o casal for questionado mostrando que a sexualidade é natural e o importante é estar preparado para quando o “ficar” se tornar mais sério, virar namoro (ou não, se eles preferirem) e a primeira vez não traumatizar ninguém.
“Muitos adolescentes têm dúvidas sobre a primeira relação sexual. E, embora, boa parte delas estejam perdendo a virgindade mais cedo, é necessário esclarecer que o corpo humano tem um tempo certo para cada fase, incluindo as relações sexuais”, continua a médica.

Puberdade
Os pais precisam estar atentos que a puberdade se inicia aos nove anos de idade e várias mudanças acontecem no corpo – os seios aparecem, os pelos pubianos nascem e, em seguida, vem a menstruação. “Se os pais não conversarem com suas filhas, as primeiras relações sexuais podem resultar em uma gravidez e mudar a história da vida dessa jovem para sempre. Um bebê gerado em um útero que está começando a amadurecer leva a uma gravidez de alto risco, caso a jovem venha a ter o filho. E seus passeios com os amigos, viagens de férias, intercâmbio no exterior, escolha de profissão e até o início da sua carreira profissional podem ser adiados por um bom tempo. Por isso é preciso conversar”, diz Dra. Mariana.
Segundo a médica, não há uma idade padrão para iniciar a vida sexual. O amadurecimento fisiológico do corpo não define o quanto a jovem está pronta para a vida com mais responsabilidades. “O primeiro amor marca muito. A jovem passa a se preocupar com o que ela deve mudar para ser aceita pelo namorado, por exemplo. Das roupas à posicionamento político, músicas escolhidas, maquiagem, tudo faz parte dessa descoberta. A atração sexual é muito diferente dos relacionamentos que ela teve na infância. E são criados vínculos fora da vida familiar que ela estava tão acostumada. Tudo isso pode gerar medo e formas de auto-afirmação não muito saudáveis. E é o papel dos pais auxiliarem nesse momento complicado para todas elas”, explica.
Como o primeiro amor pode ser vivido com intensidade – e em segredo – o melhor que os pais podem fazer é conversar. “Procurar um ginecologista para esclarecimento sobre período fértil, doenças sexualmente transmissíveis e métodos contraceptivos ajuda bastante a alertar a jovem para que ela opte pela primeira vez com segurança”, continua a médica.

HPV
Uma das doenças sexualmente transmissíveis que podem atrapalhar muito a vida sexual da jovem é o HPV. “As principais vias de contágio são as mucosas dos genitais, a boca e o ânus. E o HPV aparece como pequenas verruguinhas na região íntima, mãos e até na boca. Mas pode ser evitado. As vacinas devem ser aplicadas nas meninas entre nove e 14 anos e está disponível na rede pública de saúde”, comenta.
E finaliza: “Quanto mais a família for aberta em responder as dúvidas das jovens, mais ela se sentirá segura em relação à sua sexualidade. A primeira vez não deve ser traumática. É necessário aconselhar e dar confiança às filhas”.