Foi uma notícia que surpreendeu a todos que estavam esperando a vinda de um bebê, principalmente do primeiro filho. E, de repente, quando tudo parece estar correndo bem, aparece uma dor absolutamente incômoda na região pélvica, lombar ou na vagina, sangramento e aí, quando chega ao hospital, a futura mamãe descobre que está passando por aborto espontâneo.

         Não há números oficiais no Brasil. Mas acredita-se que de cada dez gestações, duas não cheguem até o final. E a maioria deles acontece até a 12a semana de gestação, podendo ocorrer até a 20a semana.

         São várias as causas do aborto espontâneo. As anomalias genéticas (há falha na divisão das células para formação dos óvulos e espermatozoides e o embrião não se desenvolve adequadamente), alterações nos níveis de progesterona e dos hormônios tireoidianos, problemas renais, deficiências do sistema imunológico, diabetes com tratamento inadequado e doenças infecciosas (como rubéola, toxoplasmose, parvo virose, citomegalovírus, HIV, sífilis) podem provocar a interrupção da gestação.

         É importante alertar que há abortos espontâneos onde não há diagnóstico. Se ocorrer no início da gestação, por exemplo, pode se ser confundido com uma menstruação que atrasou. Porém, se já houver acompanhamento da gravidez, a paciente deverá avisar a obstetra para avaliar a necessidade de aspiração manual intrauterina ou uso de medicamentos. Entretanto, a maioria dos casos é resolvida sem necessidade de intervenção – reforça a médica.

           

            Luto e nova tentativa

            Se a paciente já sabia da gravidez e estava fazendo todo o acompanhamento do pré-natal, o luto será inevitável. O apoio da família é fundamental. Os amigos que se solidarizam e fazem o possível para melhorar o astral da paciente auxiliam – e muito – a passar por esse momento. E conversar com outras mães que já passaram por abortos espontâneos ajuda muito. E apoio psicológico também é bem-vindo. Todos os esforços valem para que esse período seja o de menor dor possível. Respeito com a dor é muito importante nesse momento.

         Dependendo do tempo em que aconteceu o aborto espontâneo, a mulher poderá tentar engravidar novamente no próximo ciclo menstrual.  Se ocorreu nas primeiras semanas de gestação e não houve procedimento cirúrgico, uma nova gravidez pode acontecer naturalmente. Se, ao contrário, houve necessidade de cirurgia, é necessário esperar um pouco mais, seguindo todas as recomendações médicas.

         A melhor maneira de um casal escolher a vinda do filho é optar por conversar com a ginecologista e obstetra quando estiverem se programando para aumentar a família. Se a mulher tiver tido aborto espontâneo, serão avaliados os fatores de risco. 

Há vários fatores que podem causar o aborto espontâneo e as pacientes devem estar atentas.  Pacientes que optaram por terem filhos aos 40 anos, tem 40% de chance de perder o bebê. Se for, aos 45, o risco aumenta ainda mais. Perdas gestacionais anteriores, tabagismo – fumantes aumentam em até três vezes as chances do aborto espontâneo -, vício em álcool e drogas ilícitas, e o IMC – Índice de Massa Corporal – inferior a 18,5 ou superior a 25 também são fatores de risco.

É importante não relacionar o aborto espontâneo à infertilidade. A paciente, sempre, deverá manter hábitos saudáveis – incluindo exercícios físicos e alimentação balanceada – para ter uma nova gestação tranquila. E, detectando alterações nos exames solicitados, o tratamento das doenças diagnosticadas diminui bastante a chance de novo aborto espontâneo acontecer.